sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Notícia de rádio

À janela da cozinha
eu escuto no rádio
que alguém deu um grito
chamando pela justiça
ela não veio,
e esse alguém ficou só
como um único grão
depois do sopro do pó
vejo do chão
a cegueira que não derruba
a surdez que te ajuda
só tenho a declarar
que nada é declarado
nem tu, nem eu, nem eles
tudo é ignorado
no país do "tudo bem"
ninguém tem sede
todo mundo tem fome
ninguém quer sair prejudicado
todo mundo tá disfarçado
ninguém dá ouvidos àquela verdade
todo mundo dá um nó na realidade
ninguém quer saber o que tá acontecendo
porque todo mundo sabe que té perdendo
não levanta do sofá
porque dá preguiça
parece que todo mundo perdeu a força na injustiça
mas se for pra ficar assim
aqui eu não quero ficar
vou pra outro lugar
se lá vai estar melhor
nunca se sabe
mas eu sei que eu vou encontrar
na estrada a andar
uma casa pra morar
e esquecer toda a injustiça do mundo

domingo, 28 de novembro de 2010

Rosa dos ventos

Minha rosa dos ventos
aponta meu norte
na ponta do mapa
a abelha e o mel
no meu carrossel
rodando e girando
tonturas de amor
o sol e a lua
no mesmo céu de estrelas
cadentes somente,
vestem roupas de papel
frágeis ao fogo
frágeis ao mel
mel açucar
cor de fel
que fere 
o fogo do sol

minha rosa dos ventos
aponta meu sul
debaixo dos pés,
pele rachada
na crosta do chão,
caminho na estrada de um coração passageiro
que me deixa na primeira estação
 de um corpo fagueiro
folgado na vida
deitado na nuvem

minha rosa dos ventos
aponta você
no centro, na ponta
beirando meu amor

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Realidade

Abrir os olhos será difícil
pois enxergar a realidade é um sacrifício
sempre pronta para o imprevisto
nas ruas de guerra
com buracos e terra
tudo me causa dor
no asfalto quente e sofrido
só o que resta são lágrimas de um vivo

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pingos de Chuva

Na retina dos meus olhos
na neblina dos meus passos
nos cabelos enrolados
na iminência de vontade 
de te ter completamente
você está sempre ali

o chuveiro natural que 
deságua sobre mim
a água que alagou 
as palavras sem fim
meu discurso ensopado
se faz poeira pela ar
e eu nao consigo agarrar 
minhas ideias a voar

pisando nas poças da chuva
meu pé que sempre me ajuda
caminha para a estrada,
para o sol que ma agrada,
para nos seus braços navegar
e no paraíso me encontrar

Em meio ao caos

Em meio ao caos
encontrei você na multidão eufórica
todos corriam, dançavam, bebiam
e eu na contra-mão
vendo todos passarem e você ficar parada
como uma estátua viva
 
da minha boca saem versos
que chegam aos seus ouvidos em frações de segundos
e te atingem como uma bala perdida
 
o caos em volta aumenta
como se as pessoas tivessem sido atiçadas
pelas palavras dos meus versos apaixonados,
quase não posso mais te ver
 
eu me calo
e já não te vejo mais
 
agora meu coração solitário
que não te acha mais
te procura nas multidões e caos de todo mundo
para ver se um dia terei
tamanha felicidade como da primeira e única vez que te vi.